Os mapas anamórficos, também chamados de “Cartograms” na língua inglesa, são um modelo de representação de dados que se apresenta de forma mais rápida e objetiva na comunicação de fenômenos que podem ser espacializados.
O anamorfismo consiste em distorcer os limites geográficos de determinadas unidades territoriais, de modo que as feições topológica se moldam ao valores contidos nos campos da tabela de atributos selecionados para realizar a distorção.
Perceba que um mapa anamórfico não faz uso de legendas, ele, por si só, se comunica. Seu entendimento é instantâneo. Ele é um mapa para ver. Somente.
No entanto, ressalto que os mapas tradicionais, contendo cores, hachuras, legendas, elementos de representação cartográficas, dentre outras não perderam sua função nem sua importância. Estes, são mapas para ler.
Todavia, os mapas para ler são, na maioria das vezes, muito técnicos e pouco didáticos; ao tempo em que os mapas para ver têm uma função, pode-se dizer, cognitiva e lúdica. Ou seja, não precisa de explicação para entendê-los ao mesmo tempo em que diverte, visto que, os vários grafismos aplicados às temáticas, chamam e apreendem à atenção.
Diante do exposto, apresento nesta primeira parte da série o ScapeToad (sapo fujão), um software específico para essa finalidade.
Trata-se de um software livre, disponibilizado para download sob a licença GPL e está disponível para as plataformas Linux, OSX e Windows. No caso específico para as distribuições Linux, a execução do programa se dá por meio de arquivo .jar, ou seja, faz-se necessário ter uma biblioteca Java instalada previamente para rodar o programa. Se você é usuário Linux, e não tem o Java instalado em seu PC, recomendo ler o conteúdo desse link.
O programa é muito intuitivo e objetivo. Basta importar o shapefile, definir a coluna da tabela de atributos e mandar executar a deformação. Veja no passo-a-passo aseguir.
Depois de baixado e descompactado o programa, execute-o. Não é necessário instalar.
Esta é a interface do aplicativo. Bastante limpa e funcional.
Basicamente, será necessário utilizar apenas 3 funcionalidades:
[1] Adicionar a camada Shapefile;
[2] Criar o “Cartograma”;
[3] Exportar o cartograma para o formato Shapefile ou SVG.
Importe a camada vetorial clicando no botão Add layer [1]. No caso deste artigo, importei o arquivo do estado de Alagoas que contém dados da população.
Para iniciar o procedimento de geração do mapa anamórfico, clique no botão Create Cartogram [2].
Observe que a nova janela de diálogo que ira abrir, lhe conduzirá através de um Wizard no passo-a-passo do procedimento. Nesta primeira tela, o programa informa as duas formas de se trabalhar os dados: 1 – Cobertura Espacial e 2 – Variável Estatística. Clique em Next >.
No campo Spatial coverage, selecione a camada que deseja transformar. Depois clique em Next >.
Em seguida, no campo Cartogram attribute, selecione o atributo que deseja servir de parâmetro para gerar o cartograma.
Logo após, no campo Attribute type, escolha entre as opções Mass (massa) e Density (Densidade). Depois clique Next >.
Nesta tela, não é possível escolher nenhuma das opções, caso tenha carregado um Shapefile. Clique em Next > para prosseguir.
Nesta fase, defina a qualidade da transformação, deslizando a barra entre Low e High. É possível ainda configurar a qualidade clicando nas Opções Avançadas.
Feitas as devidas configurações, clique no botão Compute para iniciar o processo de transformação.
Aguarde o processo finalizar. Dependendo da quantidade de atributos, o tempo pode variar de alguns segundos a vários minutos.
E o resultado deve se parecer com esse.
Não se preocupe com a malha disposta sobre o “cartograma”, ela só está disponível para visualização, caso exporte para o formato Shapefile. Se preferir exportar para o formato SVG, tanto o mapa transformado quanto a malha e a legenda também são exportadas.
O passo seguinte é exportar o arquivo. Opte para o formato que desejar. Neste caso, optei pela exportação para Shapefile.
Eis o resultado final, importado no QGIS. Resta agora, gerar o Layout para exportar como imagem o mapa anamórfico.
Bom, então é isso, pessoal. Espero ter contribuído mostrando mais um pouco da diversidade de softwares livres que existem no universo das Geotecnologias.
Aguarde a segunda parte. Trarei mais conteúdo sobre essa temática.
Sensacional!!! Pretendo fazer um mapa anamórfico para a minha monografia e já estava ficando preocupado pela falta de tutoriais! Show de bola seu trabalho! Vlw!!
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